terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

CRIANÇAS PREGUIÇOSAS



Walkiria Assunção
Segundo G.P. da Silva, uma criança sadia é uma criança que salta, brinca, pula. A criança que goza saúde é instintivamente deslumbrada pela vida. A vida para ela é constante e perene procura de prazer, na qual a atividade é a prova mais eloquente de que a existência neste mundo deve ser vivida, antes de tudo, com alegria e satisfação. Uma criança preguiçosa deve, portanto, merecer todas as atenções dos pais e educadores,.


Há, porém que distinguir a criança quieta da criança preguiçosa,como também a criança ativa da criança travessa. O exagero desses estados é que traduz a anormalidade. A travessura demasiada ja não é mais um estado de pura atividade infantil. A quietude absoluta não é preguiça.

A preguiça também, por sua vez, não se caracteriza apenas por essa atitude passiva, ou como diz o dicionário:"por esse vício que consiste na aversão ao trabalho, ao estudo, à vida ativa..." Ao contrário. A preguiça nem sempre é um vício. Não raeas vezes, é um meio de que dispõe o inconsciente para compensar as constantes solicitações dos pais e dos professores.

Em geral toda criança quer brincar. O ideal da infância é mesmo entregar-se inteiramente a esse gênero de distração, particularmente seu, que consiste na procura exclusiva de prazer, para rejeitar por completo a realidade. Nós, os adultos, também vivemos por causa desse mesmo prazer que a vida oferece; mas conhecemos essa realidade e aceitamos( não há outro remédio) a realidade. Em todo homerm há um apicurista, disfarçado ou não. Pois bem. Em relação à criança so aos poucos essa realidade vai sendo percebida, vai sendo compreendida.

Quando, portanto, tiramos os nossos guris do mundo que a fantasia criou, para solicitar deles que nos auxiliem na construção do nosso - há uma grande revolta na alma infantil, e quase sempre essa revolta se manifesta por uma espécie de greve pacífica, através da preguiça... São comuns os casos - principalmente nos lares pobres - em que as crianças tomam os lugares dos empregados no serviço doméstico. Existem inúmeros meninos e meninas que, aos dez anos e às vezes aos sete ou oito anos de idade, ja são exímos cozinheiros de forno e fogão. Eis ai uma das muitas vantagens da luta pela vida. Mas a criança não gostam e, muito menos, apreciam essas vantagens. Talvez tenham razão. E tanto parece ser isto verdade, que elas reagen. Ou, por outra: muitas reagem, tornando-se... preguiçosas. Levam, então, um tempo enorme nos misteres que lhe são confiados, provocando o mau humor dos adultos até à irritação.

Outra faceta curiosa da preguiça infantil é a que se observa nas crianças perseguidas em casa, e depois no colégio pelos professores. Denominamos perseguidas às que a proposito de tudo(ou nada) são continuadamente alvo de reprimendas, de implicancias, de antipatias, de repulsa por parte do adulto. Tais crianças vigam-se dessas situações, aceitando a escola, não como um meio de estudo, mas porque vêem nessa válvula de escapamento um derivativo para os seus sofrimentos. Tornam-se, desse modo, gazeteiras. Não vão quase nunca às aulas. Nada lhes interessa mais que sair de casa. É a forma da opição e do negativismo. Perseguidas em casa, passam, depois, a ser perseguidas pelos professores, embora sob um aspecto diferente. Faltando às aulas, nunca sabendo as lições, são esses alunos frequentemente chamados à atenção, postos de castigos, desclassificados nas provas e - o que é pior - olhados por todos como incorrigível preguiçosos. A preguiça, no entanto, não é ai mais que uma forma de defesa, não é mais que uma reação inconsciente às imposições injustas dos adultos.

É necessário, portanto, não nos queixarmos de nossos filhos preguiçosos, quando soubermos que nós mesmo - nós´unicamente - somos os responsáveis pelo estado lamentável e preguiçoso deles.

A criança nunca deve ser obrigada a fazer alguma coisa. A criança coagida, forçada, impelida a fazer isso ou aquilo, reage de maneira sempre prejudicial à própria personalidade. É preciso conquistar primeiro, a sua simpatia, conseguir que ela va pouco a pouco gostando da tarefa a que está sujeita. É por meios suasórios, mas convincentes, que devemos esclarecê-las disto ou daquilo. Nunca por meios violentos ou antipáticos à sua maneira de ver ou de sentir as coisas.

A preguiça pode ser um vício, não resta duvida, pode ser o fruto exclusivo da ociosidade, principalmente quando ela é observada em indivíduos bem bafejados pela vida. Mas nem mesmo nas crianças a preguiça pode ter essa raiz psicológica.

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